Destaque de Outubro: falemos sobre a cenoura! | Hortaria

O nosso blog

Destaque de Outubro: falemos sobre a cenoura!

04-10-2021 Por Hortaria

Sol, chuva. Calor, frio. T-shirt, casaco. Colheitas, sementeiras. Estes contrastes confirmam que chegou… o Outono!

Passadas as férias e de regresso à rotina do dia-a-dia, é preciso encontrar um intervalo de tempo, todos os dias, ou todas as semanas, para dedicar a uma atividade que nos permita respirar. A jardinagem e a horticultura podem ser respostas para este objetivo, com a vantagem de, mais à frente, entrarem casa dentro, enquanto flores em jarros ou vegetais na mesa.

Em Outubro seguimos a palete de cores da estação do ano, pesquisámos as culturas disponíveis para a época e decidimos dar destaque à… cenoura!


Tendo como berço a Ásia Central, a Daucus carota L. é uma planta bienal, apesar de, no seu ciclo vegetativo, se aproveitar predominantemente o primeiro ano, durante o qual acumula reservas na raiz, que consumimos.




Presente em praticamente todas as gastronomias do mundo, em sopas, pratos, acompanhamentos ou bebidas, a cenoura apresenta a seguinte composição, por cada 100g crus:

- 34Kcal;

- 7,7g de hidratos de carbono;

- 3,2g de fibras solúveis e insolúveis, moderando o apetite e ajudando a regular o trânsito intestinal;

- 1,3 g de proteínas;

- 0,2 g de lípidos;

- 315mg de Potássio (K);

- 28mg de Fósforo (P);

- 23mg de Cálcio (Ca);

- 11mg de Magnésio (Mg);

- >3mg de Vitaminas C, A, B1 e Betacaroteno, reforçando de forma geral o sistema imunitário e elevando a resistência celular, retardando o seu envelhecimento; O betacaroteno promove o bronzeamento natural da pele.


Não é portanto surpreendente que o seu consumo apresente os seguintes benefícios

  • Modera o apetite e regula o trânsito intestinal;
  • Previne o envelhecimento celular;
  • Potencia o bronzear natural da pele;
  • Fortalece o sistema imunitário;
  • Beneficia a saúde ocular e cardíaca.



Dito isto, há que passar à análise de aspetos “estéticos”: pretende colher cenouras curtas ou compridas? Cilíndricas ou cónicas? Cor de laranja, amarelas, brancas, roxas? Se ainda está indeciso, consulte aqui algumas das variedades mais procuradas.

Depois de escolher a variedade (ou variedades!) com que pretende avançar, analise as condições necessárias para que esta cultura se desenvolva adequadamente.


Tome nota:

  • A temperatura ideal situa-se entre os 15-21ºC;
  • Solos soltos, profundos, de textura ligeira-média, sem detritos, para que as raízes se desenvolvam sem resistência e de forma uniforme;
  • Solos húmidos mas bem drenados, com pH de 6-6,5 e com salinidade não muito elevada;
  • Exposição solar ou sombra parcial.


Estão reunidas as condições para fazer a sementeira? Estando, tenha então em atenção aos cuidados culturais que deverá garantir durante a permanência da cultura no solo:


> Solo

Antes de mais, garanta que o solo se apresenta, em termos de estrutura, como acima descrito; se necessário movimente-o, com uma enxada, a alguma profundidade.

> Adubação

Garanta também, por aplicação de uma adubação de fundo (solo), que os nutrientes necessários estão disponíveis (por cada campo de futebol: 90-150Kg de azoto (N), 30-50Kg de fósforo (P) e 150-300Kg de potássio (K)); poderá sempre corrigir alguma deficiência com alguma adubação de superfície.

> Sementeira

Semeie em local definitivo, a 0,5-1cm de profundidade, com um compasso de 25 cm entre linhas e com um espaçamento inicial de 1cm entre sementes na linha, que progride, por desbaste posterior, até aos 10cm em linha.

> Rega

Regue regularmente, de forma a manter o solo húmido, mas nunca encharcado. Tenha em atenção de que se trata do desenvolvimento de uma raiz, pelo que a humidade excessiva no solo potenciará o surgimento de fungos e doenças;

> Operações

À medida que as plantas se forem desenvolvendo, identifique as plantas que se vão destacando, fazendo o desbaste das restantes (monda). Desta forma garantirá que o solo ficará com espaço e nutrientes adequados para o desenvolvimento da cultura; As plantas infestantes, companheiras indesejadas das culturas, têm tendência a aproveitar as condições de produção das cenouras para, também elas, se instalarem. Vá acompanhando a sua ocorrência e tome as medidas necessárias para evitar a sua propagação.

> Colheita

Consoante a variedade que escolher, as cenouras estarão em terra entre 60-130 dias; a colheita precoce poderá conduzir a cenouras pequenas, mas saborosas; a colheita tardia levá-lo-á a encontrar raízes fibrosas, secas e com pouco sabor. Acompanhe a cultura para saber qual a altura ideal para a colheita!





Falta abordar as principais dificuldades que poderá encontrar, em termos fitossanitários. Assim sendo, apresenta-se em seguida uma pequena listagem:

               PRAGAS:

×  Lagartas (Agrotis spp.; Spodoptera frugiperda; Rachiplusia nu), alimentam-se das folhas da planta, enfraquecendo-a;


×  Afídeos (Dysaphis spp.; Cavariella aegopodii), também conhecidos por pulgões, populam as plantas, tendo impacto no sistema vascular das plantas, funcionando muitas vezes como vetores de outras doenças mais relevantes;

×  Larvas (Diabrotica speciosa; Diabrotica bivittula; Cerotoma arcuata), poderão interferir no desenvolvimento das raízes, inviabilizando o seu aproveitamento.




DOENÇAS:


×  Alternaria dauci, Alternaria radicina, Pythium sp., Rhizoctonia solani, Xanthomonas campestris: bactérias que provocam podridão pré e pós emergência da planta, resultante da acumulação de líquido na zona hipocótilo da planta; como resultado as plantas tombam e tornam-se inviáveis;


×  Alternaria dauci, Cercospora carotae e Xanthomonas campestris: bactérias que uma vez instaladas nas plantas provocam a necrose das folhas (Queima-das-folhas); consoante o nível de destruição da rama, assim será afetado o desenvolvimento da raiz e a viabilidade da planta;


×  Sclerotium rolfsii, Sclerotinia sclerotiorum: fungos que, tal como a bactéria Erwinia carotovora, se instalam na raiz das plantas, provocando o amolecimento dos tecidos; formam escleródios e desenvolvem micélios;


×  Erwinia carotovora: bactéria que se instala nas raízes da planta, através de eventuais feridas existentes; provoca a acumulação de tecidos moles e pegajosos; a função vascular e de acumulação de reservas é prejudicada, e a planta perde viabilidade; o amarelecimento da rama pode ser indicação da presença desta bactéria;


×  Meloidogyne incognita, Meloidogyne javanica, Meloidogyne arenaria, Meloidogyne hapla: todos nemátodos; enfraquecem a planta, o que se torna visível pelo amarelecimento da rama, provocando igualmente a deformação e descoloração das raízes; 


×
  Potyvirus: provoca o Mosaico da Cenoura (CtMV), originando folhas filiformes, mais estreitas que o normal na planta, reduzindo assim a sua capacidade de desenvolvimento;


×
  Polerovirus: provoca Folhas Vermelhas (CtRLV), muitas vezes transmitido pelo Cavariella aegopodii; deteta-se este vírus pelo amarelecimento inicial das folhas, entre nervuras, progredindo posteriormente até a coloração vermelha; a função fotossintética da planta é prejudicada, levando ao seu enfranquecimento e perda de viabilidade. 


Para algumas destas questões fitossanitárias encontrará soluções aquiPara outras, poderá encontrar outros tutoriais online.


Da nossa parte, continuamos disponíveis para todo o apoio que precisar para que os seus cultivos vinguem.

Envie-nos imagens da sua horta e do seu jardim!



Votos de boas sementeiras e de boas colheitas!

A equipa da Hortaria

Empowered with by Webincode.com
all rights reserved © Hortaria