Destaque de Novembro: falemos sobre a cebola! | Hortaria

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Destaque de Novembro: falemos sobre a cebola!

03-11-2021 Por Hortaria

Eis que chegou Novembro e, com ele, para além da chuva, do vento e do frio, uma nova cultura em destaque.

Se consultou a nossa listagem de culturas possíveis para este mês, de certeza que passou os olhos pela… cebola!

Elemento essencial na gastronomia portuguesa e presente, de uma forma geral, na alimentação global, trata-se de uma cultura incontornável numa horta digna desse nome.


De nome botânico Allium cepa L., podemos à partida fazer uma distinção entre dois tipos de cebolas: as de dias curtos (fotoperíodo de Outono-Inverno) e de dias longos (fotoperíodo de Primavera-Verão). 


Fazendo a sementeira em Novembro, irá colher a produção a partir de Fevereiro, logo… terá que escolher variedades aptas para dias curtos!


Cada 100g de cebola apresenta a seguinte composição:

- 17Kcal;

- 93.8g de Água;

- 0.2g de Lípidos;

- 3.1g de Hidratos de Carbono;

- 1.3g de Fibra;

- 8mg de Vitamina C;

- 210mg de Potássio (K), 31mg de Cálcio (Ca), 30mg de Fósforo (P), 12mg de Magnésio (Mg), 10g de Sódio (Na), 0.5mg de Ferro (Fe) e 0.3mg de Zinco (Zn).


Ao permitir o aporte destes constituintes, o consumo de cebola permite refletir os seguintes benefícios

  • Ação anti-inflamatória e expetorante;
  • Prevenção do envelhecimento da pele;
  • Regulação do trânsito intestinal;
  • Regulação do colesterol, da insulina, da hipertensão e melhoria da circulação sanguínea;
  • Regulação da sensação de saciedade e, por isso, auxiliar na perda de peso.





Estamos certos de que, neste momento, a sua dúvida será apenas sobre qual a variedade de cebola a semear… que deverá ser de dias curtos, já definimos. Terá agora que decidir se prefere cebolas brancas, amarelas, roxas, vermelhas, globosas ou alongadas… As opções são diversas e trata-se de uma escolha sua… defina as suas preferências e avance!


Ao avançar, mas ainda antes de prosseguir com a sementeira, tenha em consideração os seguintes requisitos da cultura e verifique se o seu terreno os reúne.

Tome nota:

  • Temperatura: em termos gerais pode dizer-se que a temperatura ideal para o desenvolvimento da planta encontra-se entre os 13ºC-28ºC; no entanto, trata-se de uma cultura bastante versátil, com variedades específicas e resistentes a temperaturas de Outono-Inverno ou a Primavera-Verão;
  • Luminosidade: prefere exposição solar direta;
  • Solo: o solo deve ser ligeiro, fértil, bem drenado, rico em matéria orgânica e com pH entre 5,5-6,8; Uma vez que se trata de uma cultura sensível à acides do terreno, no caso de níveis de pH inferiores aconselha-se a aplicação de cálcio;
  • Irrigação: deve ser assegurada uma irrigação frequente nas fases de germinação e desenvolvimento da planta, reduzindo progressivamente a partir do desenvolvimento do bolbo, até cessar pouco antes da colheita.



Posto isto, se consegue assegurar estas condições na sua horta, abordemos as necessidades de acompanhamento da cultura, ou seja, as operações culturais que lhe são caraterísticas:


> Solo

Caso verifique o solo precisa de alguma preparação, poderá fazer a sua mobilização até 25cm de profundidade, garantindo que a germinação e posterior desenvolvimento de bolbos ocorre em condições ideais; Se, à partida, estas condições estão já reunidas, preserve o ecossistema do solo e não faça nenhuma mobilização relevante.

> Sementeira

A sementeira da cebola pode ser feita em local definitivo, a aproximadamente 1cm de profundidade, ou em alfobre, transplantando as plântulas 35-60 dias depois (rama com aproximadamente 10cm de comprimento); garanta um espaçamento de 30cm entrelinhas e de 15cm entre plantas.

> Infestantes

É essencial o controlo eficaz da presença de infestantes no terreno, assegurando que a cultura não tem que competir com plantas de desenvolvimento mais rápido;

> Fitossanidade

A fitossanidade deve ser monitorizada; observe a rama das plantas e procure sinais de descoloração, manchas ou sinais de doenças… este acompanhamento poderá ajudar a que a sua cultura atinja o desenvolvimento e produção pretendidos;

> Colheita

A colheita pode ser feita em dois contextos: para consumo em fresco, imediato, em que pode colher os bolbos quando quiser; Para consumo futuro, logo com alguma capacidade de conservação, deverá colher a planta inteira quando as folhas apresentarem um envelhecimento visível e consistente e os bolbos tiverem já alguma coloração caraterística.





Se estão reunidas as condições de produção e se verifica que tem a disponibilidade para o acompanhamento necessário, uma vez que já decidiu qual a variedade que pretende semear, passa agora por si colocar as mãos na terra e instalar a cultura!

Em seguida damos algumas indicações sobre as dificuldades que poderá encontrar, em termos fitossanitários, nesta cultura:

×  Estenfiliose: doença causada pelo fungo Pleospara allii, e que se traduz no surgimento de lesões brancas-amareladas nas folhas (normalmente mais velhas), que se propagam, originando a inviabilidade e necrose dos tecidos da planta;


×  Míldio (Peronospora destructor): trata-se da doença com maior incidência nesta cultura; pode surgir desde os primeiros estágios de desenvolvimento da planta, originando o apodrecimento dos tecidos, a inviabilidade produtiva e/ou a perda de capacidade conservação; caso a identifique deve limitar a adubação azotada, promover a rega no solo, remover e queimar todas as plantas com sintomas;

×  Podridão cinzenta (Botrytis cinerea): fungo que se instala em diferentes órgãos da planta, provocando a sua murchidão, e dando origem a uma camada espessa de bolor cinzento;


×  Alternariose (Alternaria spp), incide com maior facilidade em plantas com pouca resistência, manifestando-se no entanto, em qualquer exemplar; origina pequenas manchas, com expansão progressiva, inicialmente em tons amarelos que escurecem ao longo do tempo; o fungo transita das folhas mais velhas para as mais novas;


×  Nematoses: originam deformações nas raízes, o que limita o desenvolvimento da planta; Algumas das espécies que incidem sobre a cultura daa abóbora são as seguintes: Meloidogyne arenaria, M. incognita, M. javanica e M. hapla;


×  Tripes: inseto designado por Thrips tabaci, que se aloja nas bainhas e limbos foliares, alimentando-se do sistema vascular das plantas, reduzindo o seu desenvolvimento e, consequentemente, o peso e qualidade dos bolbos; Este inseto funciona também como vetor de transmissão do vírus TSWV;


×  Mosca Branca (Bemisia tabaci), origina, por exemplo, o prateamento das folhas e afetam o sistema vascular das plantas, prejudicando o seu desenvolvimento;


×  Lesmas e caracóis: tratando-se de uma herbácea de rápido desenvolvimento, as lesmas e os caracóis tiram também proveito desta cultura! Quando fizer a sementeira, tente remover todas as lesmas e caracóis que encontrar e, durante o ciclo cultural da planta, mantenha atenção à proliferação destes moluscos. Se verificar que a população está a ter consequências nefastas na produção, poderá aplicar um moluscicida; 



Poderá encontrar aqui algumas soluções de combate a fungos e insetos.



Deixamos uma ressalva: cães e gatos não devem consumir cebola uma vez que, a alicina (responsável pelo aroma caraterístico de alhos e cebolas), promove anemia nestes animais.


Envie-nos imagens dos seus cultivos e partilhe connosco a sua experiência na horta e jardim.

Cá estaremos para o acompanhar nos seus projetos!


Votos de boas sementeiras e de boas colheitas!

A equipa da Hortaria

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