Estamos em plena Primavera!

Enquanto os dias de sol se alternam com os de chuva, trazendo calor a meio da tarde e frio ao início da noite, já acordamos a ouvir chilreares entusiasmados e saímos de casa para encontrar uma flor em cada esquina.

Mas… cedendo à permanente necessidade de olhar para o futuro, vemos o Verão já ali… a uns dias de distância, com refeições leves, bebidas frescas e frutos de cor e sabor inconfundíveis.

Como na Hortaria acompanhamo-lo permanentemente na antecipação do que quererá saborear uns meses à frente, em Maio optámos por uma cultura que o deixa, com certeza, de água na boca e um sorriso nos olhos. Vamo-nos concentrar na cultura da Melancia!

De nome botânico Citrullus lanatus, o seu berço encontra-se em África, de onde, há mais de 4000 anos se propagou para a Ásia, Europa e América. Trata-se de uma planta herbácea, rasteira (30-40cm de altura) e expansiva, com ramos que se estendem por longos metros.

Os frutos que imediatamente visualizamos são grandes, de casca verde e polpa vermelha, pontuada por sementes pretas. No entanto, hoje em dia, temos que alargar amplamente a nossa galeria de imagens: existem melancias de grande ou pequena dimensão, com ou sem sementes, de casca verde ou amarela, lisa ou riscada, com polpa vermelha ou amarela… Em comum? O sabor fresco, leve e adocicado e uma textura incomparável.

Além destas caraterísticas, uma outra é incontornável: a sua composição nutricional, sendo que, por cada 100g de melancia consumidos, ingerimos:

• 24Kcal;
• 93,6g de água;
• 5,5g de hidratos de carbono;
• 0,4g de proteína,
• 0,3g de fibra alimentar;
• 300mg de caroteno;
• 4mg de Vitamina C;
• 0,14mg de Vitamina B6
• 100mg de Potássio (K);
• 12mg de Magnésio (Mg);
• 10mg de Cálcio (Ca);
• 5mg de Fósforo (P);
• 4mg de Sódio (Na);
• 0,3mg de Ferro (Fe);
• 0,1mg de Zinco (Zn).

Os benefícios que se atribuem ao consumo deste alimento são os seguintes:

• Proteção celular, potenciada pelo elevado nível de caroteno; permite uma maior resistência ao cancro da pele, entre outros, e promove a hidratação da pele;
• Beneficia a saúde cardiovascular, contribuindo para uma normalização da tensão arterial e para a presença de equilíbrio eletrólito, como resultado da presença de elevados níveis de vitaminas e sais minerais;
• A mesma presença de vitaminas e de sais minerais contribui para a saúde oftálmica;
• A presença de magnésio e de potássio ajuda no alívio de dores musculares;
• O cálcio e o potássio contribuem igualmente para a saúde óssea;
• A presença de fibras favorece a regulação do trânsito intestinal.

Como referimos acima, a melancia é uma planta que exige espaço à sua volta, pelo que instalar a cultura num vaso é inviável. O seu espaço é, de facto, numa horta!

Em termos de condições para o seu desenvolvimento, considerem-se as que se seguem.

Tome nota:

> Sementeira

- A sementeira deverá ser em local definitivo, associando sempre três sementes em cada ponto; Porquê? Para garantir que consegue, a partir do mesmo foco, originar duas plantas que se desenvolverão em sentidos opostos (costas com costas), aproveitando ao máximo a área disponível; Caso verifique que as três sementes germinaram e deram origem a três plantas viáveis, remova cuidadosamente a terceira planta e transplante-a para um local onde o seu desenvolvimento seja possível;

- As sementes devem ser colocadas a 1-2cm de profundidade, com um espaçamento entre plantas de 100-150cm entre plantas;

> Rega

Imediatamente após a sementeira deve garantir uma rega abundante, sem encharcar o solo;

> Germinação

As primeiras plantas germinarão aproximadamente uma semana após a sementeira;

> Expansão

Garanta que a expansão das plantas mantém condições de ventilação, exposição solar e humidade adequadas, removendo, a partir dos 30 dias após sementeiras, as folhas envelhecidas;

> Cuidados

- Há quem recomende a redução da irrigação durante a fase de desenvolvimento do fruto, por forma a asseguras níveis de açúcar e de coloração mais apelativos; caso seja a sua opção, tenha em atenção que se trata de uma fase exigente para a planta, pelo que a água deverá estar sempre disponível para o seu normal metabolismo;

- Para garantir que o fruto adquire uma forma regular, poderá virá-los com alguma regularidade; Esta é uma operação que requer cuidado para não danificar a planta e colocar em causa a produção;

> Colheita

Quando os frutos produzem um soco oco ao serem tocados com os nós dos dedos, quando a parte do fruto apoiada no solo amarelecer, ou quando a ligação do fruto à planta aparentar alguma desidratação, está na altura de iniciar a colheita! Isto poderá verificar-se a partir dos três meses após sementeira.

Apesar de exigir alguma atenção, não se trata de uma cultura propriamente difícil e promoverá bons fins de tarde na sua horta.

Falta-nos abordar um tema essencial: a sanidade das plantas. Conforme verificou até aqui, mencionámos que se trata de uma cultura rasteira, com desenvolvimento vegetativo extenso, que gosta de temperaturas elevadas e de solos húmidos… estas condições são também as preferidas por algumas pragas e doenças… Vejamos quais:

×  Afídeos (Brevicoryne brassicae), pequenos insetos que se alimentam do sistema vascular das plantas, perfurando os tecidos, afetando assim o desenvolvimento e resistência da mesma; funcionam também como vetores de transmissão de diversos vírus;

×  Mosca Branca (Bemisia tabaci), origina, por exemplo, o prateamento das folhas e afetam o sistema vascular das plantas, prejudicando o seu desenvolvimento;

×  Nematodes: originam deformações nas raízes, o que limita o desenvolvimento da planta; algumas das espécies que incidem sobre a cultura são as seguintes: Meloidogyne arenaria, M. incognita, M. javanica e M. hapla;

×  Roscas (Agrotis Ipsilon), enquanto traças podem colocar até 1000 ovos na página inferior das folhas; provocam feridas nos tecidos das plantas, levando a perda de vigor e, eventualmente, à murchidão;

×  Tripes (Thrips tabaci): inseto que se aloja nas bainhas e limbos foliares, alimentando-se do sistema vascular das plantas, reduzindo o seu desenvolvimento e, consequentemente, o seu peso e qualidade; Este inseto funciona também como vetor de transmissão do vírus TSWV;

×  Alternariose (Alternaria spp), incide com maior facilidade em plantas com pouca resistência, manifestando-se no entanto, em qualquer exemplar; origina pequenas manchas, com expansão progressiva, inicialmente em tons amarelos que escurecem ao longo do tempo; o fungo transita das folhas mais velhas para as mais novas;

×  Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum), fungo que afeta folhas e caule da planta, com lesões escuras, estendendo-se aos tecidos adjacentes, debilitando a planta de forma severa;

×  Míldio (Pseudoperonospora cubensis) fungo que origina o aparecimento de manchas irregulares, amarelas, nas folhas da planta, destruindo os tecidos onde se encontra;

×  Oídio (Podosphaera xanthii) manifesta-se pelo surgimento de manchas amareladas nas hastes e folhas jovens, evoluindo posteriormente para a formação de massas pulverulentas, originando a morte das folhas;

×  Podridão Cinzenta (Botrytis cinerea): fungo que se instala em diferentes órgãos da planta, provocando a sua murchidão, e dando origem a uma camada espessa de bolor cinzento.

Para alguns destes problemas encontrará soluções aqui.

Para outros encontrará online tutoriais e contactos disponíveis para o auxiliar!

No que precisar, contará também connosco deste lado, apoiando-o em boas sementeiras!

Votos de boas sementeiras e boas colheitas!

A equipa da Hortaria