Destaque de Junho: falemos sobre a couve penca! | Hortaria

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Destaque de Junho: falemos sobre a couve penca!

02-06-2021 Por Hortaria

A cultura em destaque no mês de Junho é uma das que apresenta maior relevância em hortas e campos de todo o país. É um elemento crucial na gastronomia portuguesa e é central no mês de Dezembro. Vamos falar sobre: couve!

Dito isto, surge uma questão pertinente: sobre que couve vamos falar?


De facto, se todas as couves pertencem à espécie Brassica Oleracea L., vários grupos se distinguem:
  • Brassica oleracea var. Acephala, grupo a que pertence, por exemplo, a couve-galega;
  • Brassica oleracea var. Botrytis, grupo a que pertencem as couves-flor;
  • Brassica oleracea var. Capitata, onde se encontram as couves-repolho;
  • Brassica oleracea var. Costata, grupo que integra as couve-portuguesa - couve penca - e a couve tronchuda;
  • Brassica oleracea var. Gemmifera, onde se encontra a couve de bruxelas;
  • Brassica oleracea var. Italica, a que pertencem os brócolos;
  • Brassica oleracea var. Sabauda, onde se integra a couve-lombarda;
  • Outros.


Assim sendo, vamos fazer uma caraterização geral da espécie, em termos nutricionais, em termos de benefícios, e práticas culturais. No entanto, vamos tentar uma abordagem mais concreta à chamada Couve Penca, que apresenta variedades tradicionais portuguesas, caraterísticas do Norte do país, como a Couve Penca de Chaves, a Couve Penca da Póvoa Verde, a Couve Penca de Mirandela e a Couve Penca Pão de Açúcar.

Em termos nutricionais as couves caraterizam-se por:

    - Apresentarem um baixo valor energético;

    - Serem ricas em fibra;

    - Serem ricas em ácido fólico e em vitaminas, nomeadamente vitamina A e C;

    - Serem ricas em minerais como o potássio (K), o cálcio (Ca), o fósforo (P) e o ferro (Fe).

Refletindo isto mesmo, apresentamos em seguida a composição nutricional de 100g da couve-portuguesa (Couve Penca), de acordo com a Associação Portuguesa de Nutrição:

    - 31Kcal quando crua e 27Kcal quando cozida;

    - 2.4g de fibra;

    - 233 µg de Vitamina A e 90mg de Vitamina C, enquanto crua;

    - 270mg de Potássio (K), 76mg de Cálcio (Ca), 65mg de Fósforo (P) e 1mg de Ferro (Fe).






Não é pois de estranhar serem reconhecidos os seguintes  benefícios no consumo deste vegetal:

  • A elevada presença de fibras permite aumentar a sensação de saciedade, promovendo assim o controlo de peso; potencia igualmente a regularização do trânsito intestinal;
  • O aporte de Cálcio torna a couve um importante auxiliar da saúde óssea;
  • Por ser rica em antioxidantes, a couve ajuda a prevenir o envelhecimento precoce da pele, a reduzir o inchaço, a prevenir a retenção de líquidos e a limitar as condições de surgimento de acne;
  • A presença de glucosinolatos na composição da couve (dão-lhe o suave travo picante) permite-lhe uma ação desintoxicante, potenciando o sistema imunológico;
  • Os minerais que disponibiliza são essenciais para a atividade do sistema nervoso, para a normal tensão arterial e para a saúde muscular;
  • Sabe-se que ajuda na prevenção de alguns tipos de cancro, apresentando igualmente características anti anémicasdiuréticas e antibacterianas.


Uma ressalva deve ser feita: o consumo de couve deve ser limitado a 100g por dia, uma vez que a sua digestão leva à produção de gases, dando origem a algum desconforto.

Como qualquer cultura, a sementeira e o ciclo vegetativo devem decorrer nas condições mais ajustadas às necessidades da planta. No que diz respeito às couves, indicamos em seguida quais são.


Tome nota:

  • Ciclo: disponibilidade de 80 a 180 dias no solo, para concluir o ciclo vegetativo;
  • Temperatura: apesar de serem bastante resistentes ao frio (a temperatura crítica mínima é de -8ºC), o intervalo de temperaturas ideal para o desenvolvimento das couves é de 15ºC-20ºC;
  • Exposição solar: trata-se de uma cultura que gosta de exposição solar, devendo esta ser direta durante períodos alargados (dias longos!);
  • Solo: é bastante versátil em termos de solos onde se desenvolve, preferindo, no entanto, solos de textura média a argilosos, soltos, bem drenados e ricos em matéria orgânica; algumas variedades apresentam sensibilidade a solos ácidos (pH ideal de 5.5-7.5) e a solos salinos;
  • Rega: a rega deve ser frequente e abundante, sem encharcar o solo.


Agora que já sabe avaliar se o seu terreno tem as condições ideais para receber o seu couval, vamos abordar os cuidados que este lhe exige:

> Sementeira

Semear primeiro em alfobre (tabuleiro), fazendo o transplante 6-7 semanas depois, quando as plantas tiverem 3-5 folhas.

> Terreno

A preparação do terreno pode passar pela formação de camalhões com aproximadamente 1m de largura, facilitando assim as operações de rega e de controlo de infestantes. Garanta sempre a presença de solo junto à planta, fazendo amontoas quando necessário.

> Transplante

Ao transplantar as plantas, garantir uma distância entre linhas de 60cm e, na mesma linha, uma distância entre plantas de 30-40cm.

> Tutoragem

Consoante a variedade em causa (algumas passam uma altura de 1,0m), poderá ser necessária a aplicação de tutores para garantir que a planta se mantém direita.

> Colheita

A colheita deve ser feita de acordo com a couve em causa:        
       - Para as couves galegas, pencas, ou seja, de folha e centro solto, poderá ir cortando folha a folha, pela base do caule, à medida que for consumindo;
       - As couves fechadas, do tipo repolho, devem ser colhidas de uma só vez, cortando pela base, imediatamente abaixo da inserção das folhas exteriores.





Falta ainda abordar as pragas e doenças que normalmente surgem associadas a esta cultura:

×  Lagarta da couve (Pieris brassicae), surgem por aposição de ovos (cada fêmea pode originar até 300 ovos), e consequente eclodir de pequenas larvas que se alimentam das folhas até praticamente o estágio final de desenvolvimento; prejudicam gravemente o aproveitamento de culturas;


×  Afídeo da couve (Brevicoryne brassicae), pequenos insetos que se alimentam do sistema vascular das plantas, perfurando os tecidos da planta, afetando assim o desenvolvimento e resistência da mesma; Funcionam também como vetores de transmissão de diversos vírus;

×  Larva mineira (Phyllocnistis spp. e Liriomyza spp.), inseto que, nos primeiros estágios de desenvolvimento, se instala e alimenta no interior dos tecidos das plantas, afetando assim a sua resistência; ao provocar feridas nos tecidos, facilita igualmente a atividade de outros microrganismos nocivos;


×  Traça da couve (Plutella xylostella), enquanto larva, instala-se nas faces inferiores das folhas e, ao longo do seu desenvolvimento, perfuram-nas, tornando inviável o seu aproveitamento;


×  Mosca da couve (Delia radicum), inseto que se alimenta do sistema vascular e tecidos da planta, provocando feridas que provocam o enfraquecimento e perda de resistência da planta;


×  Nemátodos originam deformações nas raízes, o que limita o desenvolvimento da planta; 


×  Lesmas e caracóis tratando-se de uma herbácea de rápido desenvolvimento, as lesmas e os caracóis tiram também proveito desta cultura! Quando fizer a sementeira, tente remover todas as lesmas e caracóis que encontrar e, durante o ciclo cultural da planta, mantenha atenção à proliferação destes moluscos. Se verificar que a população está a ter consequências nefastas na produção, poderá aplicar um moluscicida;


×  Áltica (Haltica lythri), besouro que se alimenta das folhas da couve, provocando severos danos na planta;


×  Oídio (Podosphaera xanthii) fungo que se manifesta pelo surgimento de manchas amareladas nas hastes e folhas jovens, evoluindo posteriormente para a formação de massas pulverulentas, originando a morte das folhas;


×  Míldio (Pseudoperonospora cubensis) fungo que origina o aparecimento de manchas irregulares, amarelas, nas folhas da planta, destruindo os tecidos onde se encontra;


×  Alternariose (Alternaria spp), incide com maior facilidade em plantas com pouca resistência, manifestando-se no entanto, em qualquer exemplar; origina pequenas manchas, com expansão progressiva, inicialmente em tons amarelos que escurecem ao longo do tempo; o fungo transita das folhas mais velhas para as mais novas.



Pode encontrar aqui alguns produtos para o auxiliar no controlo destes problemas.

Como têm corrido os seus cultivos? Envie-nos imagens da sua horta! Passemos este tempo juntos!



Votos de boas sementeiras e de boas colheitas!

A equipa da Hortaria

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