Destaque de Junho: falemos sobre a alface! | Hortaria

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Destaque de Junho: falemos sobre a alface!

06-06-2022 Por Hortaria

Verão à vista!

Duas cores trazem-nos a frescura da estação que se inicia este mês: o azul do mar até ao horizonte e/ou o verde que encontramos à mesa e nas sombras das tardes de Verão.

Como na Hortaria não chegamos ainda às lides marítimas, optámos por focar a nossa atenção no verde, selecionando como cultura de destaque deste mês a alface!


Seja do tipo Bola de Manteiga, Romana ou Iceberg, esta espécie, de nome botânico Lactuca sativa L., a alface faz parte da dieta humana há mais de 2000 anos, tendo a sua origem na região mediterrânica.


Esta relevância, que se verifica nível global, justifica-se pelo seu sabor, versatilidade e benefícios aportados pelo seu consumo. De facto, cada 100g deste vegetal apresenta a seguinte composição:

  • 12Kcal;
  • 95,9% de água;
  • 1,8g de proteína;
  • 0,2g de lípidos;
  • 0,8g de hidratos de carbono;
  • 1,3g de fibra alimentar;
  • 688mg de caroteno;
  • 0,04mg de Vitamina B6;
  • 4mg de Vitamina C;
  • 313mg de Potássio (K);
  • 70mg de Cálcio (Ca);
  • 46mg de Fósforo;
  • 22mg de Magnésio (Mg);
  • 3mg de Sódio (Na);
  • 1,5mg de Ferro (Fe);
  • 0,4mg de Zinco (Zn).


Com este perfil, a saúde é beneficiada nos seguintes aspetos:

  • O elevado teor de fibras favorece o aumento da sensação de saciedade, o que, aliado a um baixo valor calórico, permite o controlo do peso;
  • Também o elevado teor de fibras regula o trânsito intestinal e permite uma absorção de açúcares mais lenta;
  • A presença de vitamina A e C favorece a saúde oftálmica e contribui para uma ação antioxidante;
  • Elevados valores de proteínas e de vitaminas contribui para a saúde da pele, apresentando ação antienvelhecimento;
  • Os níveis de minerais que disponibiliza ajuda a regular o metabolismo e a diminuir a tendência de anemia;
  • Devido à elevada percentagem de água apresenta ação diurética, fomentando a eliminação do excesso de água no organismo (retenção de líquidos).




De uma forma muito menos relevante, mas que podemos também abordar, a diversidade de variedades de alface permite-nos ponderar sobre o que se prefere ao consumi-la: sabor mais ou menos intenso, mais tenra ou mais crocante, lisa ou frisada, de que cor?

Se já respondeu ao questionário acima, se já selecionou a variedade que melhor corresponde às suas preferências, e se esta é uma cultura que pretende instalar na sua horta (ou varanda!), há que confirmar que as condições de que dispõe são ou não adequadas para a sua produção. Assim, a alface agradece as que listamos abaixo.

Tome nota:

  • Temperaturas entre os 10-24ºC, havendo naturalmente variedades que suportam temperaturas mais baixas ou mais elevadas, permitindo a sua produção ao longo de todo o ano;
  • Exposição solar direta, devendo ser protegida nos dias de calor e sol intenso, instalando dispositivos de sombreamento parcial;
  • Solo rico em matéria orgânica, de textura franco-argilosa, fértil, húmido, mas bem drenado e com pH de 6-7;
  • A rega deve ser frequente, mas controlada, por forma a não criar condições de humidades que favoreçam o surgimento de parasitas e doenças.


Estão reunidas as condições de produção? Tem a variedade escolhida? Avancemos para a sua produção, tendo em conta as seguintes operações de acompanhamento cultural:

> Sementeira

- A sementeira poderá ocorrer em alfobre ou no local definitivo, dependendo da altura do ano em que ocorrer; as sementes iniciam a sua atividade vegetativa com condições particulares, independentemente do comportamento da planta em seguida. No caso de sementeiras de inverno sugerimos que utiliza alfobres, realizando o transplante quando as plantas apresentarem 5-6 folhas; quando o clima se encontrar ameno, poderá fazer a sementeira diretamente no local definitivo, a uma profundidade não superior a 1cm;

- Seja em sementeira direta ou em transplante, o espaçamento entre plantas deve ser de 25-30cm x 25-30cm, dependendo do vigor e desenvolvimento que se antevê; Variedades mais corpulentas precisarão de mais espaço do que as variedades de estrutura mais esguia;

> Rega

Regar com frequência mas sem encharcar o solo; o sistema radicular destas plantas atinge apenas 10cm de profundidade, o que o torna muito exposto a situações de stress hídrico, tanto por excesso como por ausência de água, inviabilizando a planta;

> Operações

- Se verificar que o compasso (espaço entre plantas) implementado é demasiado apertado, proceda a uma monda, removendo as plantas que entenda menos viáveis;

- Deve igualmente acompanhar o estado sanitário da sua horta de alfaces, prevenindo e controlando a presença de pragas e de doenças; se for necessário retirar folhas amarelecidas, débeis, afetadas, faça-o, sem prejudicar a planta;

> Colheita

Consoante a variedade que escolheu, um mês e meio após a sementeira poderá começar a consumir as alfaces!






Apesar das sensibilidades que apresenta, não se trata de uma cultura exigente, pois não? Mãos à obra!

Falta-nos apenas ter em conta as principais pragas e doenças que afetam as alfaces. Assim:


×  Afídeos (Brevicoryne brassicae), pequenos insetos também conhecidos como pulgões ou piolho das plantas; são uma das pragas com maior incidência na cultura da alface. Uma das formas mais simples de os combater é através da pulverização da cultura com uma solução de água e sabão. Esta solução criará uma superfície nas folhas das plantas, protegendo-as da ação dos afídeos. Pode utilizar inseticidas;

×  Lesmas e caracóis: tratando-se de uma herbácea de rápido desenvolvimento, as lesmas e os caracóis tiram também proveito desta cultura! Quando fizer a sementeira, tente remover todas as lesmas e caracóis que encontrar e, durante o ciclo cultural da planta, mantenha atenção à proliferação destes moluscos. Se verificar que a população está a ter consequências nefastas na produção, poderá aplicar um moluscicida;

×  Mosca Branca (Bemisia tabaci), origina, por exemplo, o prateamento das folhas e afetam o sistema vascular das plantas, prejudicando o seu desenvolvimento;


×  Tripes: inseto designado por Thrips tabaci, que se aloja nas bainhas e limbos foliares, alimentando-se do sistema vascular das plantas, reduzindo o seu desenvolvimento; Este inseto funciona também como vetor de transmissão do vírus TSWV;


×  Tipburn, distúrbio fisiológico que se manifesta pela necrose das bordaduras das folhas, podendo surgir devido a temperaturas elevadas, a ventos fortes e a dificuldade de assimilação de cálcio;


×  Míldio (Pseudoperonospora cubensis), tratando-se de uma cultura folhosa, herbácea, apta para produção ao longo de todo o ano, com requisitos de humidade no solo e de temperatura específico, o surgir de fungos será um risco presente. O míldio poderá surgir nas alfaces, prejudicando o seu desenvolvimento e impossibilitando a sua colheita. Poderá escolher variedades resistentes a esta doença ou aplicar meios de combate como os fungicidas;


×
  Podridão Cinzenta (Botrytis cinerea): fungo que se instala em diferentes órgãos da planta, provocando a sua murchidão, e dando origem a uma camada espessa de bolor cinzento.



Para alguns destes problemas encontrará soluções aqui.


Ficamos a aguardar as imagens da sua horta, na expectativa de que tenhamos contribuído para uma excelente vivência ao ar livre, para a sustentabilidade da sua dieta e para o sabor e colorido das suas refeições!


Votos de um bom Verão, de boas sementeiras e de boas colheitas!

A Equipa da Hortaria, sempre aqui.

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