Destaque de Julho: falemos sobre a couve-flor!
Depois da contagem decrescente para a chegada do Verão, eis que estamos em Julho!
Os campos e as hortas estão lotados com as culturas da época e os jardins pintam as rotinas diárias com as cores vivas da estação.
Pela forma e cor que apresenta, a cultura que escolhemos abordar este mês leva-nos a pensar na espuma do mar, apesar de só a poder instalar quando os dias estiverem mais frescos. Falaremos da… couve-flor!
De nome botânico Brassica oleracea var. bothrytis, esta cultura surge na Ásia.
Abordemos a composição nutricional de 100g de couve-flor cozida:
- 17Kcal;
- 92g de água;
- 2,3g de hidratos de carbono;
- 1,8g de fibra;
- 1,6g de proteína;
- 0,2g de lípidos;
- 45mg de vitamina C;
- 30mg de caroteno;
- 179mg de Potássio (K);
- 106mg de Sódio (Na);
- 29mg de Fósforo (P);
- 19mg de Cálcio (Ca);
- 12mg de Magnésio (Mg);
- 0,5mg de Zinco (Zn);
- 0,4 mg de Ferro (Fe).
Não será de surpreender que seja possível listar os seguintes benefícios decorrentes do consumo de couve-flor:
- Controlo do peso corporal devido ao reduzido aporte de calorias, associado a uma sensação de saciedade elevada, que se verifica pelo elevado teor de fibra;
- Também a presença de fibras permite a regulação do trânsito intestinal;
- Reforço do sistema imunitário e da resposta anti-inflamatória devido ao elevado nível de vitamina C disponível;
- A presença de caroteno beneficia a saúde oftálmica;
- Prevenção da saúde muscular, devido ao elevado valor proteico e de Potássio (K);
- Reforço da saúde óssea, pela disponibilização de um importante teor de Cálcio (Ca);
- Promoção geral do equilíbrio metabólico devido à disponibilização de elevados níveis de microelementos.
Tal como acontece noutras culturas, também com a couve-flor tem que decidir o que pretende semear: variedades de cor branca, amarela, verde, roxa, com eflorescência desenhada ou comum, de sabor mais ou menos vincado… consulte algumas das variedades aqui e escolha!
Tomada a decisão, tem sempre que averiguar se o seu campo, horta ou varanda reúne as condições necessárias para a instalação e desenvolvimento da cultura. No caso das couves-flor, deve verificar-se o seguinte.
Tome nota:
- Temperatura ideal para o desenvolvimento encontra-se entre os 15-20ºC, apresentando pouca tolerância a temperaturas muito altas e/ou muito baixas;
- A cultura deve estar exposta a níveis elevados de luminosidade, mas protegida de exposição solar intensa;
- O solo deve ser bem drenado, rico em matéria orgânica, com pH de 6-7 e com Boro disponível;
- A irrigação a realizar deve manter o solo sempre húmido, assegurando que nunca fica encharcado.
Verificadas as exigências da cultura, confirmado que o espaço de que dispõe para a instalar se verifica, é altura de avaliar o acompanhamento que deverá realizar:
> Sementeira
A sementeira deve ser feita em alfobre, colocando as sementes a aproximadamente 1cm de profundidade; deverá ser realizada no final do Verão;
> Transplante
- As plântulas deverão estar prontas para o transplante aproximadamente 2 meses após a sementeira, quando apresentarem mais que 4 folhas;
- Deverá avaliar o solo antes de realizar o transplante e, caso seja necessário, realizar uma adubação de fundo, garantindo que a cultura disporá de nutrientes suficientes para o seu desenvolvimento;
- Ao realizar o transplante deverá garantir uma distância de 50cm entre plantas e de 80cm entre linhas;
> Rega
Deve assegurar uma rega frequente, que mantenha o solo húmido, mas sem o encharcar; o sistema radicular destas plantas apresenta pouco desenvolvimento em profundidade, pelo que questões de sanidade e viabilidade poderão surgir com o encharcamento;
> Infestantes
- Mantenha um controlo efetivo da presença de infestantes que possam competir com a cultura;
- De igual forma, tratando-se de plantas com desenvolvimento foliar expressivo e consistente, deverá protegê-las de lesmas e caracóis;
> Operações
As variedades com eflorescência branca poderão precisar de sombreamento (com as próprias folhas), se a exposição ao sol for demasiada, evitando o amarelecimento ou o preenchimento de tonalidade verde;
> Colheita
A realização da colheita depende sempre da variedade que instalar, devendo ser realizada quando as cabeças se apresentam consistentes e com cor estabilizada; o envelhecimento da cor e a separação das inflorescências indicam que a fase ideal de colheita foi já ultrapassada.
Falta apenas abordar as potenciais doenças e pragas que poderão incidir sobre esta cultura:
× Lagarta da couve (Pieris brassicae), aproveitam as folhas para a postura de ovos; quando estes eclodem surgem inúmeras pequenas larvas que se alimentam das folhas, prejudicando gravemente as culturas;
× Afídeo da couve (Brevicoryne brassicae), pequenos insetos que se alimentam do sistema vascular das plantas, afetando assim o desenvolvimento e resistência da mesma; funcionam também como vetores de transmissão de inúmeros vírus;
× Larva mineira (Phyllocnistis spp. e Liriomyza spp.), inseto que, na fase inicial do desenvolvimento, se instala e alimenta dos tecidos das plantas, prejudicando a sua viabilidade; ao provocar feridas nos tecidos; facilita igualmente a atividade de outros microrganismos nocivos;
× Traça da couve (Plutella xylostella), enquanto larva, instala-se nas faces inferiores das folhas e, ao longo do seu desenvolvimento, perfuram-nas, tornando inviável o seu aproveitamento;
× Mosca da couve (Delia radicum), inseto que se alimenta do sistema vascular e de tecidos da planta, provocando feridas que provocam o enfraquecimento e perda de resistência da planta;
× Nemátodos: originam deformações nas raízes, o que limita o desenvolvimento da planta;
× Lesmas e caracóis: tratando-se de uma herbácea de rápido desenvolvimento, as lesmas e os caracóis tiram também proveito desta cultura! Quando fizer a sementeira, tente remover todas as lesmas e caracóis que encontrar e, durante o ciclo cultural da planta, mantenha atenção à proliferação destes moluscos. Se verificar que a população está a ter consequências nefastas na produção, poderá aplicar um moluscicida;
× Áltica (Haltica lythri), besouro que se alimenta das folhas da couve, provocando severos danos na planta;
× Oídio (Podosphaera xanthii) fungo que se manifesta pelo surgimento de manchas amareladas nas hastes e folhas jovens, evoluindo posteriormente para a formação de massas pulverulentas, originando a morte das folhas;
× Míldio (Pseudoperonospora cubensis) fungo que origina o aparecimento de manchas irregulares, amarelas, nas folhas da planta, destruindo os tecidos onde se encontra.
Para alguns destes problemas encontrará respostas aqui.
Para outros encontrará informação online.
Vai avançar com a sua horta de couves-flor? Esperamos tê-lo ajudado a decidir.
De momento conte, como sempre, com a nossa presença deste lado!
Votos de boas sementeiras e de boas colheitas!
A Equipa da Hortaria