Destaque de Agosto: falemos sobre o rabanete!
Agosto!
Tipicamente um mês em que saímos de casa, da rotina do dia-a-dia e nos deslocamos até à beira-mar, até um refúgio no interior ou, ficando por perto, aproveitamos para usufruir do que raramente conseguimos durante o ano.
Apesar disto, e porque temos quatro novas semanas pela frente, haverá sempre tempo para pôr as mãos na terra (o que é também relaxante, não?), cuidar dos jardins e das hortas, e preparar as culturas de que queremos usufruir nos meses que se seguem. Este mês sugerimos-lhe uma cultura colorida, fresca e que se utiliza em sumos, saladas e outros pratos. Estamos a falar de… Rabanetes!
Os rabanetes têm o nome botânico Raphanus sativus L, pertencem à família das Brassicaceae e a sabe-se que há referências ao seu consumo, na China, em 4.000 a.C.. Outros povos responsáveis pela sua disseminação foram os Romanos e os Egípcios, o que nos permite compreender a sua atual procura.
Em termos nutricionais, os rabanetes apresentam baixo valor calórico (17Kcal/100g), 95% de teor de água, são ricos em fibras, vitaminas C, B2 e B6, ácido fólico e minerais como o Cálcio (Ca), Potássio (K), o Fósforo (P), Magnésio (Mg), Ferro (Fe), Zinco (Zn) e compostos sulfurosos (S).
Com esta composição é possível afirmar que o seu consumo terá associados os seguintes benefícios:
- Contribui para a perda de peso, dado o baixo teor de hidratos de carbono (2%), elevado teor de água e sensação de saciedade promovida pela presença de fibras;
- Facilita a digestão, devido ao teor de fibras que apresenta (regulação do trânsito intestinal), bem como pela presença de enxofre (S), que promove a produção de bílis;
- Benefícios para a pele, pela presença de vitamina C, que promove a formação de colagénio, combinada com os minerais que disponibiliza, sendo que os rabanetes crus são utilizados em máscaras para a pele;
- Capacidade Detox e ação diurética;
- Ação antioxidante e anti-inflamatória.
Curtos ou compridos, redondos ou alongados, amarelos, brancos, vermelhos, pretos, roxos, bicolor… A diversidade é grande e permite-lhe escolher precisamente o que pretende!
Se já sabe qual a variedade com que vai trabalhar, convém agora perceber se as condições existentes na sua horta/jardim/varanda são propícias ao desenvolvimento desta cultura.
Tome nota:
- O rabanete desenvolve-se acima dos 6ºC e até aos 30ºC, sendo o intervalo ideal entre os 15ºC-21ºC;
- Aprecia luminosidade elevada, podendo desenvolver-se com exposição solar direta ou indireta;
- Exige presença de água mas nunca em solos encharcados; a rega deve ser frequente mas ponderada;
- O solo deve ser fértil, rico em matéria orgânica, de textura média, sem detritos, com capacidade de drenagem e pH entre os 5,5-6,8 (as plantas são pouco tolerantes à acidez e à salinidade).
Verificam-se estas condições? Vamos então abordar o acompanhamento cultural, que é bastante simples:
> Sementeira
Semear em local definitivo, a uma profundidade de 1cm e assegurando uma distância de 15-25cm entre plantas;
> Monda
Deve fazer a monda de plantas infestantes que compitam com a cultura e que prejudiquem o desenvolvimento da planta;
> Rega
Garantir rega adequada;
> Colheita
Poderá iniciar a colheita quando as raízes tiverem 2-3cm de diâmetro, o que poderá acontecer às seis semanas após sementeira;
Uma vez que a cultura esteja instalada, e em termos fitossanitários, deverá ter em atenção os seguintes potenciais problemas:
× Áltica (Haltica lythri), besouro que se alimenta das folhas, debilitando-a;
× Lesmas e caracóis: as lesmas e os caracóis tiram também proveito desta cultura! Quando fizer a sementeira, tente remover todas as lesmas e caracóis que encontrar e, durante o ciclo cultural da planta, mantenha atenção à proliferação destes moluscos. Se verificar que a população está a ter consequências nefastas na produção, poderá aplicar um moluscicida;
× Lagarta da couve (Pieris brassicae), surgem por aposição de ovos (cada fêmea pode originar até 300 ovos), e consequente eclodir de pequenas larvas que se alimentam das folhas até praticamente o estágio final de desenvolvimento; prejudicam gravemente o aproveitamento de culturas;
× Traça da couve (Plutella xylostella), enquanto larva, instala-se nas faces inferiores das folhas e, ao longo do seu desenvolvimento, perfuram-nas, tornando inviável o seu aproveitamento;
× Mosca da Couve (Delia radicum), inseto que se alimenta do sistema vascular e tecidos da planta, provocando feridas que provocam o enfraquecimento e perda de resistência da planta;
× Afídeo (Brevicoryne brassicae), pequenos insetos que se alimentam do sistema vascular das plantas, perfurando os tecidos, afetando assim o desenvolvimento e resistência da mesma; Funcionam também como vetores de transmissão de diversos vírus;
× Míldio (Pseudoperonospora cubensis) fungo que origina o aparecimento de manchas irregulares, amarelas, nas folhas da planta, destruindo os tecidos onde se encontra;
× Alternariose (Alternaria spp), incide com maior facilidade em plantas com pouca resistência, manifestando-se, no entanto, em qualquer exemplar; origina pequenas manchas, com expansão progressiva, inicialmente em tons amarelos que escurecem ao longo do tempo; o fungo transita das folhas mais velhas para as mais novas;
× Podridão cinzenta (Botrytis cinerea): fungo que se instala em diferentes órgãos da planta, provocando a sua murchidão, e dando origem a uma camada espessa de bolor cinzento
Para alguns destes problemas encontrará soluções aqui.
Para outros encontrará informação específica online.
Aproveite o Verão, aproveite os dias de Agosto, usufrua da terra e envie-nos imagens dos seus cultivos!
Cá estaremos, como sempre, para o acompanhar.
Votos de boas sementeiras e de boas colheitas!
A equipa da Hortaria