Destaque de Abril: falemos sobre o pimento!
Entrámos no mês de Abril.
Como já sabe, no início de cada mês, para além de passarmos em revista as culturas que pode instalar, damos destaque a uma que poderá merecer a sua preferência.
Este mês optámos por nos focar numa cultura que lhe trará um sabor muito característico a Verão e, para além disso, deixará a sua horta com tons quentes!
Se lhe dissermos que se trata da espécie Capsicum annuum L, consegue adivinhar de qual falamos? Sabemos que sim: este mês vamos falar de… Pimento!
Se a sua origem se encontra na América, também aqui os portugueses tiveram um importante papel na sua disseminação global, nomeadamente na Ásia, através das suas viagens de Descobrimentos. Associados os continentes Americano, Asiático e Europeu, facilmente se compreende a sua presença em diferentes culturas e gastronomias.
Concentrando-nos no valor nutricional deste alimento, é possível verificar que, 100g de pimento cru apresentam a seguinte composição:
- 27Kcal;
- 0,6g de Lípidos;
- 2,7g de Hidratos de Carbono;
- 2g de fibra;
- 1,6g de proteína;
- 92,8g de água;
- 90mg de Vitamina C;
- 0,31g de Vitamina B6;
- 120mg de Potássio (K);
- 24mg de Fósforo (P);
- 10mg de Magnésio (Mg);
- 9mg de Cálcio (Ca);
- 4mg de Sódio (Na);
- 0,6mg de Ferro (Fe);
- 0,2mg de Zinco (Zn).
Dito isto, a lista de benefícios decorrentes do consumo de pimento segue da seguinte forma:
- Ajuda a controlar o peso, dado o elevado teor de fibra e o baixo nível calórico;
- Participa na regulação do trânsito intestinal, pela presença de fibra;
- Auxilia na atividade anti-inflamatória e imunológica, dada a presença relevante de vitamina C;
- Contribui para o equilíbrio eletrólito geral, ao disponibilizar minerais importantes para diferentes processos metabólicos;
- A presença de Ferro (Fe) auxilia a presença de níveis corretos de hemoglobina no sangue;
- O Cálcio (Ca) participa na regulação da saúde óssea e dentária.
Não há, portanto, que hesitar no que diz respeito ao consumo de pimento. Se o quiser produzir também, deverá considerar outros aspetos: qual a variedade que pretende, quais as condições de desenvolvimento exigidas pela planta, qual o acompanhamento que a cultura precisa e quais as dificuldades que poderá encontrar.
Começando pela escolha da variedade que melhor resposta dá aos seus objetivos, tem que chegar a uma conclusão sobre o seguinte: em termos de cor, pretende pimentos verdes, vermelhos, cor de laranja, amarelos, brancos, castanhos ou roxos? Passando depois para a forma, pretende frutos alongados ou compactos, lobulados ou simples? Em termos de espessura das paredes, prefere pimentos mais finos ou mais densos? Já no sabor, deverá escolher entre travo adocicado ou mais pungente. Consulte aqui algumas das variedades disponíveis e selecione uma.
Escolhida a variedade que pretende, passemos aos requisitos edafoclimáticos da planta.
Tome nota:
- A temperatura ideal para o desenvolvimento da planta encontra-se no intervalo de 21-28ºC;
- O local onde se instala a cultura deve permitir exposição solar direta;
- O solo deve ser rico em matéria orgânica, bem drenado, com textura franco-arenosa e com pH de 6-7;
- O acesso à água deve ser regulado, garantindo que as plantas não sofrem de stress hídrico (nem excesso nem falta de água); Trata-se de uma cultura muito sensível à humidade na zona radicular.
Se a sua horta apresenta as caraterísticas descritas, poderá, à partida, avançar para a instalação da cultura! Falta apenas avaliar a sua disponibilidade para realizar o acompanhamento necessário. Vejamos o que será preciso:
> Sementeira
- A semente deve ser colocada no solo a aproximadamente 1cm de profundidade;
- O pimento pode ser semeado em local definitivo ou em alfobre; dada a sensibilidade da planta, sugerimos que opte pela sementeira em ambiente controlado, realizando posteriormente o transplante para o local definitivo (planta com pelo menos 4 folhas visíveis).
> Transplante
Antes de transplantar as plântulas, deve preparar o terreno de forma adequada, mobilizando-o e tornando-o apto para o desenvolvimento do sistema radicular, para um arejamento adequado e para uma drenagem correta; o ideal passa por utilizar o sistema de camalhões.
> Distanciamento
Ao colocar as plantas no local definitivo, deve assegurar uma distância de 50cm entre linhas e de 40cm na linha.
> Tutoragem
Trata-se de uma cultura de ciclo anual, de raiz aprumada e desenvolvimento vertical indeterminado, pelo que será necessária a instalação de tutores (estruturas físicas que permitem suporte ao desenvolvimento vertical da planta (canas, fios, etc.)).
> Operações
- Uma vez que a planta apresenta um hábito indeterminado, logo que esta apresente a altura pretendida, deve cortar/remover o seu ápice, para que o crescimento vegetativo pare;
- Mais ou menos na mesma altura deverá remover todas as folhas existentes abaixo da bifurcação do caule, bem como os rebentos que possam surgir nas axilas dos lançamentos.
> Colheita
Consoante a variedade que escolher, ou seja, consoante o ciclo da planta em causa, poderá iniciar a colheita aproximadamente 3 meses após a sementeira; um bom indicador é a mudança de cor dos frutos.
Como se terá apercebido, as operações culturais não são de difícil execução, mas são exigentes em termos de dedicação ao acompanhamento das plantas.
Falta apenas abordar a questão da fitossanidade, enumerando as principais pragas e doenças com que se poderá deparar no seu pimental:
× Afídeo (Brevicoryne brassicae), pequenos insetos que se alimentam do sistema vascular das plantas, perfurando os tecidos, afetando assim o desenvolvimento e resistência da mesma; Funcionam também como vetores de transmissão de diversos vírus;
× Mosca Branca (Bemisia tabaci), origina, por exemplo, o prateamento das folhas e afetam o sistema vascular das plantas, prejudicando o seu desenvolvimento;
× Nematodes: originam deformações nas raízes, o que limita o desenvolvimento da planta; Algumas das espécies que incidem sobre a cultura são as seguintes: Meloidogyne arenaria, M. incognita, M. javanica e M. hapla;
× Alternariose (Alternaria spp), incide com maior facilidade em plantas com pouca resistência, manifestando-se no entanto, em qualquer exemplar; origina pequenas manchas, com expansão progressiva, inicialmente em tons amarelos que escurecem ao longo do tempo; o fungo transita das folhas mais velhas para as mais novas;
× Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum), fungo que afeta folhas e caule da planta, com lesões escuras, estendendo-se aos tecidos adjacentes, debilitando a planta de forma severa;
× Míldio (Pseudoperonospora cubensis) fungo que origina o aparecimento de manchas irregulares, amarelas, nas folhas da planta, destruindo os tecidos onde se encontra;
× Oídio: doença causada pelo fungo Podosphaera xanthii; manifesta-se pelo surgimento de manchas amareladas nas hastes e folhas jovens, evoluindo posteriormente para a formação de massas pulverulentas, originando a morte das folhas;
× Podridão cinzenta (Botrytis cinerea): fungo que se instala em diferentes órgãos da planta, provocando a sua murchidão, e dando origem a uma camada espessa de bolor cinzento;
× Podridão Radicular: pode ser causada por diferentes fungos como Phytophthora spp., Fusarium spp., Pythium spp., Rhizoctonia solani, Thielaviopsis basicola. Faz com a planta se desenvolva com atraso, apresentando deformações e descoloração de caules, destruição do sistema vascular das plantas e alteração de pigmentação nas folhas; Usualmente a planta perde capacidade de suporte e tomba.
Para alguns destes problemas poderá encontrar soluções aqui.
Semeie de forma informada e aproveite o dia a dia de desenvolvimento desta cultura!
Envie-nos o seu testemunho, envie-nos fotografias da sua horta.
Votos de boas sementeiras e boas colheitas!
A equipa da Hortaria