Destaque de Abril: falemos sobre a beterraba!

Bem-vindos à Primavera!
Chegámos a Abril acompanhados por temperaturas elevadas, sol durante grande parte do dia e, para além disso, a transição para o horário de Verão, permite-nos usufruir mais tempo do exterior.
Este mês, abordamos uma cultura que, pela paleta de cores que nos oferece, condiz com este registo: a beterraba!
Oscilando entre o laranja e o vermelho vivo, lisa ou riscada, alongada ou redonda, a beterraba apresenta um sabor adocicado, terroso, fresco, sendo versátil em termos de preparação na cozinha, uma vez que pode ser consumida crua, cozida, em pratos ou em bebidas.
De nome botânico Beta vulgaris L., a beterraba é uma planta herbácea bienal que pertence à família das Amarantaceae, cuja origem se encontra na Europa, Norte de África e Sul Asiático.
De uma forma simplificada, podemos dividir as beterrabas em três categorias distintas:
- Beterraba de mesa: aqui inserem-se as que usualmente se consomem enquanto hortícolas, em todo o tipo de cozinhados;
- Beterraba forrageira: muito utilizada na alimentação de bovinos de leite, beneficiando a quantidade e a qualidade de leite produzida;
- Beterraba sacarina: outrora muito produzida em Portugal (tanto no continente como nas ilhas, nomeadamente nos Açores), utilizada para a produção de açúcar e, pelo valor energético associado, na produção de alguns combustíveis alternativos;
Considerada um superalimento por alguns, a beterraba crua contém 48,8 Kcal em cada 100g, é constituída por 87% de água, sendo rica em vitaminas A, B1, B2, B3, B9 e C, bem como em minerais, nomeadamente Potássio (K), Sódio (Na), Fósforo (P), Cálcio (Ca), Ferro (Fe) e Manganês (Mn).
Não é, por isso, surpreendente que, ao nível dos benefícios, o consumo de beterraba permita:
- Melhorar a circulação sanguínea, diminuir a pressão arterial, controlar o colesterol e prevenir a anemia;
- Reforçar o sistema imunitário;
- Fomentar a saúde muscular e melhorar a resistência física;
- Regular e promover o trânsito intestinal, possuindo igualmente propriedades depurativas do organismo;
- Beneficiar o crescimento de cabelo e a elasticidade da pele.
Outra vantagem da beterraba é que toda a planta pode ser consumida: folhas, caules e raiz! No entanto, se pretende que a planta se conserve após colheita, deve cortar as folhas a cerca de 3cm da raiz, para que esta não perca água, ficando ressequida, ao manter a alimentação da parte aérea.
Encontrará online as mais variadas formas de preparar e aproveitar toda a planta.
Como sabemos, cada cultura tem as suas exigências específicas para um desenvolvimento ideal. No caso da beterraba, considere as que lhe indicamos abaixo.
Tome nota:
- Temperatura: prefere temperaturas entre os 10ºC-24ºC, resistindo a geadas e a picos de temperaturas elevadas;
- Exposição solar: o local de sementeira deve permitir exposição solar direta ou, pelo menos, muita luminosidade natural;
- Solo: o solo deve ser bem drenado e leve, fértil, com pH de 6-7,5, húmido, mas bem drenado e rico em matéria orgânica;
- Tolerância: apresenta tolerância à salinidade e ao stress hídrico.
Posto isto, falta saber como instalar a cultura no terreno. A beterraba não é muito exigente em termos de tratos culturais, mas apresenta algumas particularidades:
> Sementeira
Semear em local definitivo (pode ser num vaso!), a 1 cm de profundidade, deixando uma distância de 20cm entre sementes na mesma linha e uma distância entre-linhas de 35cm. Dependendo das condições climáticas, a germinação ocorrerá após 2 semanas. Semeando de forma intercalada, por exemplo de 15 em 15 dias, poderá prolongar o período de colheita!
> Desbaste
Quando as plantas tiverem aproximadamente 2,5cm de altura, poderá avaliar a necessidade de desbaste, garantindo um número de plantas ideal para o melhor desenvolvimento de cada uma.
> Adubação
A adubação de fundo, pré-sementeira, deverá ser rica em micronutrientes como o Boro (B), o Cloro (Cl), o Manganésio (Mn) e o sódio (Na) e moderada em Azoto (N), para evitar que a planta foque o desenvolvimento na parte aérea.
> Rega
Regar com frequência, permitindo que o solo se mantenha húmido mas nunca encharcado. A água em excesso, combinada com temperaturas elevadas, poderá promover o espigamento das plantas, prejudicando o desenvolvimento dos caules e das raízes.
> Monda
É necessário acompanhar a presença de infestantes no local onde se encontra a cultura, devendo ser retiradas sempre que possível para evitar a competição por nutrientes.
> Prevenção
As raízes e o caule devem estar sempre cobertas de terra, prevenindo a incidência de pragas e garantindo que o seu desenvolvimento permite texturas suaves.
> Colheita
As primeiras colheitas poderão ocorrer a partir dos 60 dias pós sementeira (dependendo da variedade, dos cuidados prestados, etc.), quando as raízes tiverem o tamanho aproximado a uma bola de golf. O ideal será colher as plantas de forma alternada (planta sim planta não, na mesma fila e entre filas), permitindo um aproveitamento otimizado do solo. A colheita é feita puxando a planta pela base dos caules.
A beterraba, para além de desenvolver os caules e raízes, apresenta igualmente um assinalável desenvolvimento da parte aérea. Isto significa que, os cuidados fitossanitários, terão que se refletir tanto a nível do solo como das folhas.
× Pragas: Afídeos (pequenos insetos conhecidos por pulgões ou piolho das plantas, que se alimentam da seiva e acabam por transmitir outras doenças), Áltica da beterraba (besouro da família Chrysomelidae, que se alimenta da folhagem da planta), Mosca da beterraba (Pegomyia betae, mosca da família Anthomyiidae, cujas larvas provocam danos no limbo das folhas, condicionando a viabilidade da planta), Traças e Nemátodos (pequenos vermes com aproximadamente 1mm de comprimento, frequentes no solo, que estabelecem uma relação parasitária com as plantas);
× Fungos: Cercosporiose (Cercospora beticola Sacc, fungo que se manifesta com temperaturas entre os 25ºC-35ºC, originando pequenas manchas nos caules e folhas das plantas) Podridão cinzenta (Botrytis cinerea, fungo que quando se instala origina a murchidão dos tecidos e o surgir de uma poeira de aspeto semelhante ao bolor), Oídio (Leveillula taurica) Míldio (Phytophtora infestans) Rizoctónia (Rhizoctonia solani, fungo que origina podridão radicular).
Para todas estas dificuldades existem soluções que evitam ou amenizam os danos. Pode ver algumas aqui.
Esperamos que se tenha entusiasmado com a cultura desta hortícola! Lance-se ao trabalho e prepare a terra para a sementeira. Cá estaremos para o acompanhar!
Votos de boas sementeiras e de boas colheitas!
A equipa da Hortaria